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Introdução
A Bênção de Ser Igreja
Se cada pessoa
que já encontrou a Jesus e a Ele se entregou compreendesse a dimensão – a
largura, a altura e a profundidade – do que significa ser Igreja de Jesus
Cristo, os templos e as casas dos irmãos seriam como um “formigueiro”, sem
espaço para tantos que para ali afluiriam e para tantos que desejariam conhecer
toda essa alegria dos crentes. A alegria e a vibração dos salvos seria tão
contagiante, que abalaria as estruturas da cidade, da região e da nação,
gerando uma transformação duradoura nos sistemas. Mas para que a vida em
comunidade experimente esse contexto empolgante e atrativo, precisamos entender
a Graça que nos fez participantes de algo tão tremendo e poderoso de Deus sobre
a terra. ...
...
Portanto, alçado a uma posição que não fiz por merecer, me encontro com outros que, igualmente, em humildade concluíram que “não podiam” e decidiram crer e receber por fé aquilo que Deus, em Cristo, lhes oferecia. Aí está toda a beleza de ser Igreja. Deus fez isso porque nos amou gratuitamente (Romanos 5:8) e nos uniu a outros para que sobre a terra pudéssemos revelar Sua bondade a todos os homens, para que pudéssemos dar a Ele a honra devida ao Seu Santo Nome.
Portanto, alçado a uma posição que não fiz por merecer, me encontro com outros que, igualmente, em humildade concluíram que “não podiam” e decidiram crer e receber por fé aquilo que Deus, em Cristo, lhes oferecia. Aí está toda a beleza de ser Igreja. Deus fez isso porque nos amou gratuitamente (Romanos 5:8) e nos uniu a outros para que sobre a terra pudéssemos revelar Sua bondade a todos os homens, para que pudéssemos dar a Ele a honra devida ao Seu Santo Nome.
Capítulo 1
O que Significa Ser Igreja
A)- A Comunidade da Luz
Fui impactado Como um bom crente, voluntarioso ministro do Evangelho, aprendi a demonstrar minha espiritualidade de acordo com o que as pessoas gostavam ou com a qual eu mesmo me sentisse bem. Isso persistiu até o dia em que uma pessoa, que me amava de fato, me confrontou: Edson, quando Deus te chamou, Ele não te chamou por causa da máscara que você usava. Ele sabia exatamente quem você era e te chamou assim mesmo. Isso impactou minha vida tão profundamente que afetou meu relacionamento com Deus, com minha família e com meus irmãos cristãos. Já não precisava fingir nada, não havia mais necessidade de aparentar o que eu não era ou não sentia. Agora eu podia andar na luz.
1 João diz ainda que “se
andarmos na luz, como Ele na Luz está, temos comunhão uns com os outros” (1:7). O
fundamento da comunidade espiritual é a verdade revelada e não o que as pessoas
gostam ou pensam. Eu sou o que Deus diz que eu sou e não o que os outros dizem.
Meu irmão é o que Deus diz que ele é e não o que eu penso dele. Portanto, na
comunidade cristã sentimo-nos felizes em estar juntos porque compreendemos o
valor que Deus nos dá e o quanto significamos para Ele. A alegria da comunhão
está no fato de que não precisamos fingir alguma coisa para sermos aceitos por
Deus ou pelos irmãos – somos amados pelo que somos e não pelo que aparentamos
ou fazemos. Assim, nossos relacionamentos são firmados na verdade da Palavra de
Deus. Há um valor revelado por Deus que me faz me sentir profundamente amado e
dispensar a necessidade de elogios para me sentir bem ou aceitos pelos outros.
Seu valor para Deus
Quem
dá o preço é o dono, mas que dá o valor é quem compra. Explico melhor: se você
for a uma loja compra uma caneta esferográfica comum e nela houver uma etiqueta
com preço exorbitante (digamos, 100,00 Reais), certamente você não pagará o
preço pedido. O dono colocou o preço, mas você considera que ela não vale, não
tem aquele valor. Certa vez um quadro de Van Gogh foi leiloado por alguns
milhões de dólares. Quem o comprou cobriu todas as demais ofertas porque deu
àquele quadro aquele altíssimo valor. Eu, certamente, não pagaria 1000,00 Reais
– a não ser que fosse para vender em seguida e ganhar muito dinheiro. Porque?
Porque para mim é apenas um quadro e não considero que tenha tanto valor. Você
percebe o princípio? Independente do preço que coloquem você só paga aquele
preço se você considerar que vale à pena, que há um alto valor naquilo.
Eu
e você estávamos perdidos em nossos delitos e pecados. Deus olhou para mim e
para você e considerou que valor estaria disposto a pagar para ter-nos. Ele
decidiu pagar como preço a vida, o sangue de Seu Filho Unigênito, Jesus. Em
outras palavras, Deus decidiu que você tem, aos olhos dEle, um valor tão alto
que Ele estaria disposto a pagar o mais alto preço possível: Jesus. Aos olhos
de Deus você tem o valor, o mesmo valor, da vida de Jesus. O objetivo de Deus é
gerar muitos filhos semelhantes a Jesus (Romanos 8:29). Você é um deles.
Concluindo
Uma
vez que eu compreenda o valor que tenho aos olhos de Deus e, principalmente o
valor que meu irmão tem aos olhos do Pai, então percebo que não importa o que
sinto ou penso, não importa o que ele sinta ou pense – posso me relacionar com
ele com base no valor que ele tem e não com base no que desejo que ele seja. Ele
é amado e tem alto valor para Deus. Eu sou amado e tenho alto valor para Deus.
Minha alegria é estar com ele, seja ele quem for, tenha os defeitos que tiver –
o que me motiva é o valor que ele tem e não se ele me agrada.
Capítulo 2
A Igreja Real
- Vivendo de Expectativas
- Vivendo de Expectativas
Quando nos
relacionamos com outros irmãos, pessoas diferentes de nós em muitos aspectos, é
comum que no início dessa aproximação tenhamos algumas expectativas sobre como
ela seja, aja, fale e o que ela fará que, de alguma forma, será um bem para
mim. Já vimos que isso é comum principalmente no início do casamento. Certa vez
conversei com dois jovens que me procuraram para comunicar os planos de
casamento. Perguntei a ele: “porque você
deseja se casar com ela?” repeti a mesma pergunta a ela. De forma
invariável, em todas as vezes em que fiz esse tipo de pergunta ouvi como
respostas: “porque é a pessoa ideal para
mim”, ou “porque creio que me fará
feliz”, ou ainda “é a pessoa ideal de
Deus para mim”. O que isso revela? Que na maioria dos casos, quando dois
jovens se aproximam com planos de casamento (isso já desde o namoro) carregam
consigo expectativas em relação ao outro. O mesmo se dá nos relacionamentos na
comunidade cristã. Esperamos que nosso irmão tenha um comportamento que
consideramos como sendo ideal – para nós, segundo nosso ponto de vista. De
certa forma pressionamos o outro para que se encaixe no jeito que nós achamos
que seja o jeito ideal de se comportar. E na maioria das vezes o que exigimos
do outro tem mais a ver com nossos gostos pessoais do que com mandamentos
bíblicos.
Não é um ideal humano
Uma
das decisões mais básicas e mais importantes que podemos tomar é a de deixar de
lado tais expectativas. A Igreja de Cristo não é uma comunidade forjada para
atender ideais e expectativas humanos. É uma realidade gerada por Deus, em Deus
e para Deus. É uma comunidade cujos ideais nasceram na eternidade e direcionam
para a eternidade – é uma realidade de ordem espiritual e não da alma. Não
podemos esquecer que nossos sonhos e expectativas são gerados a partir de
nossas experiências pessoais, da bagagem de vida que carregamos e que podem ou
não ser mudadas pelo Espírito Santo. Portanto, tais sonhos e expectativas
sempre serão diferentes das do meu irmão, cuja bagagem de vida é diferente da
minha. Então, como exigir que ele seja igual a mim e se encaixe em meus ideais?
Um inimigo à espreita
Deus
nunca permitirá que vivamos nem um dia sequer na comunidade de nossos sonhos.
Tal comunidade seria uma casa edificada sobre a areia, pronta a ruir diante da
primeira tempestade. Assim tem acontecido com muitos relacionamentos, inclusive
casamentos. Precisamos compreender que desejar que a comunidade cristã, que
nossos relacionamentos sejam fundamentados em nossa alma representa um dos
maiores perigos que podemos enfrentar. O diabo não precisa fazer muito a fim de
paralisar a Igreja – basta estimular-nos a alimentar sonhos de ideais humanos
em relação a nossos irmãos. Quem prefere alimentar seus próprios ideais e
expectativas para com seus irmãos se transformam no maior inimigo da Igreja, no
maior destruidor que a comunidade cristã possa enfrentar – mais do que o
próprio diabo. Nossas expectativas geradas na alma nos afastam. Nossos desejos
de que o irmão faça as coisas do jeito que eu gosto, mais quebram
relacionamentos que aproximam. Nossos ideais de relacionamento são a maior
causa dos rachas nas comunidades locais. Os sonhos da nossa alma (não os do
Espírito Santo) nos fazem duros, pretenciosos, arrogantes, manipuladores. Nos
fazem exigir o impossível dos outros e de nós mesmos – nos transformam em
juízes de nossos irmãos e até do próprio Deus. Nossas críticas e comentários a
respeito de nosso irmão na maioria das vezes são carregadas de juízo humano, de
avaliações equivocadas, de preconceitos contra os que agem de forma diferente
daquilo que gostamos.
Expectativas de gratidão
Fomos
incluídos na comunidade dos salvos não para estabelecermos nossas exigências
pessoais mas para, agradecidos de coração, aceitarmos receber de Deus aquilo
que Ele projetou para Sua Igreja – pessoas que como eu e você um dia
reconheceram que “não são” e “não podem” e decidiram clamar pela Misericórdia e
Graça de Cristo para serem aceitos nessa comunidade. Por isso, sempre devemos
ser agradecidos a Deus por nos dar a oportunidade de comungar com outros irmãos
e saber que como nós eles são dependentes da Graça.
Capítulo 3
O que signbifica Ser Igreja
- Igreja que é uma Família
- Igreja que é uma Família
Uma expressão
usada na Bíblia para designar família é “casa”. Paulo disse ao carcereiro “crê
no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa” (Atos 16:31).
Num momento em que o povo estava vacilando entre servir a Deus ou não, Josué
fez uma tremenda declaração: “eu e m inha casa serviremos ao Senhor” (Josué
24:15). E não só o laço de sangue era importante. Casa incluía também os que
viviam em harmonia com o líder da casa – parentes, servos, etc.
Comunidade dos irmãos
A
família de Deus é patriarcal. Ele é o Pai que comanda os destinos de todos, é o
fundador e mantenedor. Descrever a Igreja como a comunidade dos irmãos é
reconhece-la como uma família. O projeto de Deus desde a eternidade passada foi
esse, o de formar uma grande família cheia de filhos parecidos com Jesus.
Romanos 8 nos ensina: “...a fim de que Ele (Jesus) seja
o primogênito dentre muitos irmãos” (v.29). Por isso, a Igreja precisa ser
encarada como a comunidade do amor fraternal, onde o amor de Cristo por nós se
esparrama através dos relacionamentos quando cumprimos seu desejo: “Novo
mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que
também vos ameis uns aos outros” (João 13:34).
A
Bíblia é repleta de ensino sobre nossa filiação. A começar por João 1:12 que
diz que os que o recebem se tornam filhos, passando por Hebreus 2:11 que revela
que Jesus não se envergonha de nos chamar irmãos, ou ainda Romanos 8:15 que
revela que temos o Espírito Santo que nos autoriza a chamar Deus de ABA (que significa
“Papaizinho”). Portanto, o vínculo que une essa comunidade de irmãos é o amor
fraternal que “tudo sofre, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta” (1 Coríntios 13:7). Deus é amor (1 João 4:8) e a natureza de sua
família é o amor, e “Deus prova seu próprio amor para
conosco pelo fato de que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos
5:8).
Através de Cristo
A
participação na morte e ressurreição de Cristo pela fé cria laços de irmandade
mesmo entre pessoas de raças, costumes, educação, nível social diferentes. Isso
mostra o nível de interdependência nessa comunidade. Dependemos uns dos outros,
precisamos uns dos outros, não sou Igreja sem meu irmão, não sou família de
Deus sozinho – sou mais um dentre muitos, muitos irmãos.
O
fato de ser pela fé a minha inclusão nessa família revela que a origem disso
não está em mim, mas nEle. Não sou eu quem origino a Igreja, nem quem gera os
novos irmãos – Ele está edificando sua Igreja e Ele mesmo se encarrega de
acrescentar à Igreja os que pela fé o recebem (João 1:12 + Atos 2:47). Então, a
família de Deus existe pela fé e se mantém pela fé, na dependência exclusiva
dEle e não do esforço ou capacidade de qualquer um de nós. A harmonia na Igreja
de Cristo exige que não se confunda conduta com doutrina, gosto pessoal com
princípio bíblico. O respeito e o amor devem envolver os relacionamentos. Não
posso medir a fé do meu irmão pelo que eu gosto ou acho certo. Devo respeitá-lo
nas suas limitações, exorta-lo e auxilia-lo quando em fraqueza, ser suporte
para que ele não caia.
Uma família real
Tendo
em vista que não posso projetar minhas expectativas e sonhos sobre meu irmão
exigindo dele postura de acordo com meus gostos, então me deparo com uma Igreja
real, com pessoas reais e não idealizadas por mim de quem não devo buscar
mudança por minha força ou manipulação.
A
Igreja retratada no livro de Atos é uma Igreja real. Ao mesmo tempo em que
vemos o amor com que se relacionavam, também encontramos essa Igreja com
dilemas relacionais e de justiça com no capítulo 6 – ali os crentes de língua
grega começaram a reclamar de que os judeus de língua hebraica estavam se
esquecendo de suas viúvas na distribuição diária de alimento. Mas, justamente
porque desejavam buscar sinceramente o ideal de Deus, os apóstolos priorizaram
a oração e a leitura bíblica, encarregando sete homens cheios do Espírito para
cuidar atentamente daquela necessidade. A Igreja em Jerusalém não era perfeita.
Tinha dificuldades e problemas como qualquer Igreja real. Mas desejavam viver a
realidade de ser Família de Deus e por isso o amor a capacitava a superar toda
e qualquer divergência.
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