terça-feira, 8 de novembro de 2011

Os 2 Filhos Pródigos

Em Lucas15:11-32 encontramos a história contada por Jesus sobre uma família comum, com suas diferenças e crises, com a figura da autoridade paterna e cada filho com suas idiossincrasias. Nela identificamos uma liberdade na qual cada integrante era respeitado em suas próprias escolhas assumindo as responsabilidades inerentes. Mas é justamente nesse contexto de liberdade, na qual não vislumbramos qualquer pressão vinda de cima, que ambos os filhos revelam não terem ainda descoberto e compreendido o amor do pai.  O filho mais moço se mostra um grande egoísta, alguém que, não entendendo a dinâmica da vida em família, da vida em comunidade, passa a considerar apenas seus próprios interesses.  Já o mais velho se mostra um autêntico burocrata, alguém guiado apenas pr normas, regras, incapaz de vislumbrar a possibilidade de um relacionamento que não fosse pautado por ordens, regulamentos, hierarquias. Assim, ambos revelam-se vazios de sentido de famíla. Diante disso, cada um segue a vida de acordo com os valores que assumiu.  O mais novo pega tudo que pode e parte, decidindo viver do jeito que considerava melhor, segundo suas próprias escolhas, olhando para o próprio umbigo. Por sua vez, o mais velho não é capaz de vibrar junto com o pai diante do resgate do irmão mais novo. Não consegue conceber que o amor do pai permanecesse o mesmo, que o pai continuasse amando seu irmão com um amor absolutamente inalterado. É essa a lição que Jesus deseja tansmitir na parábola dos tabalhadores e das diversas horas de tabalho, em Mateus 20 - não importa o que e quanto cada um fez, quem determina o valor, a dimensão do amor, é o Senhor. E isso é Graça.  O mais moço deu dois passos significativos. Primeiro o egoismo invadiu seu coração levando-o, em seguida, a deixar-se contaminar pelo virus do isolamento. Esse é um comportamento constantemente encontrado em todos os niveis de relacionamento. Criamos expectativas de que o outro  atenda nossas necessidades, legítimas ou não, e quando isso não acontece nos afastamos, nos isolamos. Somos movidos pela idéia de que "eles não me merecem porque não se interessam em satisfazer-me".  E é isso que tem gerado um número cada vez maior de evangélicos não praticantes, fiéis sem igreja, filhos sem pai, cônjuges sem par, crentes sem Deus. Quantas vezes você já pensou em abandonar porque a esposa não age como você quer, as ovelhas não cumprem as suas ordens, a igreja não segue o programa do jeito que você gosta (etc.)?  Não sabemos quanto tempo se passou entre a decisão, a partida do mais moço e sua ruína. Possivelmente demorou, visto que recebera uma herança que o levara a considerar uma vida independente londe da família. Durante algum tempo certamente avaliou essa possibilidade, considrando o quanto seria gratificante fazer as coisas a seu jeito sem prestar contas, sem dividir, sem ter que passar pelos ajustes e renúncias que todo relacionamento mais profundo requer. Mas o fato é que o texto nos mostra que cedo ou tarde colhemos o que plantamos. Plantar isolamento, afastamento sempre produzirá a colheita da solidão. Embora quisesse comer o que os porcos comiam, nem mesmo isso lhe era dado. Onde estavam os que com ele destruiram sua esperança? No desespero começou a buscar soluções, a ponto de se ofercer para cuidar de porcos. Isso é insanidade - continuar a faze as coisas da mesma maneira e desejar resultados diferentes. Querer que sua sorte mude sem mudar a postura do orgulho para o quebrantamento seria insano. E assim fazemos nós. Fugimos da humildade e nos agarramos orgulhosamente aos nossos próprios métodos, jeitos, recursos, sabedoria desejando alcançar resultados diversos. É insanidade! Lembre-se: "toda crise é boa" e muitas vezes Deus nos deixa chegar no limite para que possa nos encontrar maleáveis.  E nesse ponto "cai a ficha" do moço. "O que estou fazendo aqui??? Nem os trabalhadores de meu pai vivem assim. Voltarei e direi ao meu pai: errei! Não precisa me receber como filho, me dê apenas o privilégio de estar com você, ainda que como um simples trabalhador".  Essa foi a razão pela qual aquele pai não corre a buscar o filho de ente os porcos. O pai e o irmão mais velho sabiam o que se passava, mas o pai decidiu esperar. Por que? Se o buscasse taria de volta ao lar o mesmo jovem orgulhoso. Por esperar teve de volta o filho - agora quebrantado e arrependido. O pai não queria apenas o filho de volta - queria um filho com quem pudesse relacionar-se.  O mais moço tinha um discurso pronto, fruto da culpa e da vergonha que sempre produzem autocondenação. Mas foi surpreendido pelo amor imutável do pai. Um amor que o filho mais velho não soube desfrutar, pois tinha tudo à disposição mas não soube agir por não identificar uma regra clara, uma norma, uma lei. Mas o amor do pai não está vinculado a isso. Por esse motivo encontramos o pai a esperar esse filho. Fico imaginando esse pai,  a cada raiar do sol, olhando para o horizonte e dizendo ao seu próprio coração, imerso naquela angústia que só um coração de pai nessas circunstâncias conhece: "será que é hoje??? será que hoje meu filho virá? será que hoje me encontrarei com ele novamente? já não suporto mais essa distância".  E esse tem sido o clamor do coração de Deus à nossa espera, desejoso em andar conosco e manifestar seu amor imutável a cada dia.  O maravilhoso desfecho da história comove porque não apenas o pai corre a abraçar e beijar, mas manda que se lhe dêem roupa nova, anel e sandálias. Isso tem um significado. O pai lhe deu roupa nova, o que significa nova vida, nova disposição, santidade, como no caso do sumo sacerdote Josué, relatado em Zacarias 3. Mas o pai não deu apenas roupa nova. Lhe deu a melhor roupa, como a dizer "eu sei o que você fez, mas continuo te amando do mesmo jeito e quero dizer que você não é menor do que ninguém, você tem um alto valor para mim". O pai lhe deu tambem um anel, que trazia consigo a idéia de identidade - ele tinha um nome, uma família, ele era alguém. E por fim, o pai lhe deu sandálias, que falam de caminho, objetivo, destino. Não foi o filho quem escolheu, mas o pai. Muitos têm saido por aí à busca de ministérios que Deus não deu. Correm para galgar posições, conquistar títulos. Outros, sinceramente os abraçam crendo estar agradando Deus. Nunca se esqueça: não fomos chamados para fazer coisas para Deus, mas para fazermos o que Deus mandou. E observe: quem dá as sandálias, bem como as roupas e o anel é o pai. E tudi isso só recebemos quando estamos rendidos aos seus pés. Só nessa posição estaremos aptos a assumir nossa identidade e cumprir nosso chamado em Deus.  Isso é Graça - reconhecermos que não temos nada a oferecer, nenhum direito a reivindicar. Tudo vem dEle e para Ele deve retornar. Precisamos redescobrir que tudo o que Deus deseja é que estejamos em sua presença e que Ele seja o bem maior de nossa vida. Independente do que possamos receber. Ele é tudo de bom que podemos ter. E dia após dia Ele espera por você.

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