A PM tem sido colocada na berlinda, não por algo errado que tenha feito mas pelo que tentam fazer com ela, tirando dessa honrada corporação o valor que ela possui.
O primeiro caso que desejo apontar diz respeito aos acontecimento na USP, quando policiais militares, no uso de suas atribuições, atuaram em defesa do bem coletivo, na prevenção de crimes e na detenção de pessoas que estavam flagrantemente infringindo a lei. Esse é o papel da Polícia, para isso ela existe e assim deve atuar. A questão é que vivemos no país da impunidade, onde o exemplo vindo de cima estimula qualquer pessoa achar que pode tudo em defesa das coisas mais absurdas - e impunemente.
Alguns alunos foram à internet expressar seus pensamentos, alegando parcialidade da imprensa - todos os meios de comunicação estão contra eles. Dentre tantos argumentos em defesa de suas atitudes, consideram que a PM seja a melhor forma de oferecer segurança ao campus e sim a guarda criada pela universidade para isso. Alegam ainda que a USP não pode ser policiada por um instrumento do Estado, como a PM. Creio que estão pensando que a universidade é como uma embaixada de outro país, com soberania própria mesmo dentro do território brasileiro e que o Estado de São Paulo é o país invasor que usou seus policiais para violar sua soberania. Por fim, demonstam que toda a discussão que desejam é, na verdade, uma discussão de preferência política. E nessa história toda é a imagem da PM que se coloca na berlinda, como se ao agir dentro da lei estivesse fazendo algo ilegítimo.
O segundo caso a observarmos é o que tem sido chamado de atividade delegada. Policiais Militares seriam "contratados" pela Prefeitura e passariam a atuar em segurança sob comando municipal nas suas folgas. Uma questão: as folgas existem hoje porque eles precisam descansar ou porque a corporação não tem competência para aproveitar melhor esse potencial? Causa espécie ver o Estado concordando com tal procedimento, tendo o poder público municipal ao seu lado, alegando que isso aumentaria a segurança alem de prover um ganho a mais aos policiais. Ora, se há folga em excesso, porque não refazer as escalas e aproveitar mais esses policiais para aumentar a sensação de segurança? E não seria mais correto lutar para que os salários dos policiais se tornem dignos (porque hoje não o são)?
Nesse caso da atividade delegada entendo que o foco está equivocado. Ao invés de institucionalizar os "bicos" e criar uma figura bizarra no contexto municipal, seria maior justiça para com a corporação, para com esses valorosos policiais, fazer mobilizações, pressão política junto ao governo estadual em favor de salários justos e dignos. Com isso os policiais não precisariam correr atras dos bicos e seriam melhor aproveitados nas escalas - trazendo mais segurança à população. A realidade é que autorizar a institucionalização do bico é um atestado de incompetência do governante de plantão no Estado.
Está mais do que na hora de valorizar esses profissionais, funcionários públicos que arriscam suas vidas diariamente para que cada um de nós possa se sentir um pouco mais seguro num mundo cada vez mais conturbado
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